Cutting (automutilação) na adolescência – O GRITO SILENCIOSO DA LÂMINA
- Psicóloga Sabrina R. Prates
- 9 de nov. de 2018
- 2 min de leitura
O cutting, é reconhecido como um transtorno mental na versão do DSM-V. É um fenômeno que se manifesta pela automutilação do próprio corpo, geralmente vem acompanhada da tentativa de esconder dos próprios pais. É intencional, comumente o sujeito objetiva modificar ou destruir uma parte do tecido do corpo, sem ter a intenção de cometer suicídio, entretanto, pela impulsividade e força, podem acabar fazendo lesões mais sérias do que as planejadas.
A prática do ato NÃO tem como objetivo chamar a atenção, mas é usado como um rápido escape para aliviar a tensão, as dores existenciais. Em alguns casos, pode ser um reflexo de uma incapacidade de lidar com seus próprios sentimentos como angústias, medos, tristeza e conflitos. É como se houvesse uma troca da dor emocional pela dor física.

O cutting na adolescência pode estar associado a um empobrecimento das relações interpessoais. Em função disto, é justamente na dificuldade com a fala e o desejo motivo que faz ser mais frequente, no adolescente, uma comunicação maior por meio dos atos do que através da linguagem verbal.
Por tudo o que foi dito acima, é normal haver alguns questionamentos: qual o papel da psicanálise diante destes casos? O jovem deseja transmitir alguma mensagem através deste ato?
Para a psicanálise, o cutting é visto como uma “manifestação subjetiva”, uma formação do inconsciente, sendo o seu sentido apreendido dentro da história de cada sujeito, onde a formação do sintoma é o encontro com o real, momento em que o sujeito se depara com algo que para ele é impossível de ser dito, de ser representado simbolicamente, deste modo o adolescente recorre a automutilação como uma maneira de alívio psicológico, servindo como estratégia de regulação emocional.
“[...] a presença do desejo em si é a presença de algo que falta na fala. É a presença de alguma coisa que está sempre atrás da fala, mas que não pode ser sempre traduzida numa demanda precisa. É por isso que Lacan diz que o desejo é metonímia, algo que desliga na fala, mas que é impossível de capturar.”
Soler (1997)
Frente a frequência do cutting na adolescência, existe a necessidade de que este fenômeno seja examinado, tomando por base questões subjetivas que estão ai envolvidas. O mais importante é família entender que é um problema que existe tratamento e que precisa de atenção e cuidado.
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