O SINTOMA DA CRIANÇA E A DINÂMICA FAMILIAR
- Psicóloga Sabrina R. Prates
- 15 de nov. de 2017
- 2 min de leitura
Na clínica, muitos pais chegam angustiados trazendo seus filhos, justificando que a partir de determinados sintomas eles possuem algum "problema", mas é importante ressaltar que mesmo que o paciente encaminhado para a clínica seja a criança, ela está em relação com o meio (pessoas que têm mais contato com a criança) e que dependendo da idade, há uma inseparabilidade do mundo psíquico dela e dos pais, bem como a total dependência. Uma vez que esta encontra-se inserida em um contexto familiar e desta maneira, questões emocionais apresentadas por elas, podem estar nesse meio que também pode encontrar-se doente.
Portanto devemos levar em consideração o lugar que essa criança ocupa no imaginário da família. A posição que ocupa em relação aos irmãos, o instante do seu nascimento e fatos que o precederam, a expectativa que os pais nutrem, projeções inconscientes da família. Isso tudo e mais algumas coisas, podem marcar a maneira como a criança responderá diante de algumas situações. Portanto, o filho está sujeito a ser uma constante vítima e/ou beneficiária dessa estrutura familiar.
A criança é apenas um sintoma do que acontece no mundo que a rodeia. Percebe-se então a importância do meio para o desenvolvimento emocional do indivíduo. E isso faz com que a clínica com os pequenos se dê de maneira diferente em relação à clínica com os adultos, uma vez que o que é trazido pela criança muitas vezes é apenas o sintoma da causa, que é o meio que está frequentemente em contato.
Elas não chegam ao consultório sozinhas, é o seu tutor que a leva, que apresenta a queixa e solicita análise. A partir desse primeiro contato surge então diversas questões: O que a queixa apresentada pelos pais nos diz? Quem de fato está sofrendo: a criança ou o solicitante? De que maneira os vínculos são estabelecidos dentro dessa família? Como a criança age diante dos conteúdos oferecidos pelo meio? Mas, para de fato sabermos do que a criança sofre, é necessário escutá-la da mesma maneira que se escuta um sujeito em análise, pois só ela poderá falar das suas angustias e é por meio do brincar que a criança revela elementos das experiências de sua realidade.

Portanto, neste primeiro momento, os seguintes elementos estão em pauta: os pais, a criança, a queixa apresentada e os sintomas. Desta maneira, a orientação de pais apresenta-se como uma possibilidade de intervenção em conjunto com a psicoterapia individual da criança, uma vez que o discurso e ações desses produz efeitos sobre a criança. E é importante o psicoterapeuta estar atento para que caso mostre-se necessário, os pais serem encaminhados a um espaço individual.
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