Epidemia da indiferença - um problema complexo
- Psicóloga Sabrina R. Prates
- 12 de ago. de 2017
- 2 min de leitura
Os livros de história sempre nos mostraram os massacres, sofrimentos impostos a determinados povos por outros povos. Entretanto, a humanidade parece estar demorando muito para entender completamente o fenômeno da violência: uma epidemia que vem se espalhando por meio de brigas, suicídio, assédio, estupro, assassinato, onde um tipo de violência acaba por provocar outros, virando desta maneira um ciclo.
Estamos vivendo uma verdadeira guerra urbana: em todo o mundo, de acordo com relatórios divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), já são mais de 1,6 milhão de pessoas mortas vítimas da violência a cada ano. No Brasil a situação parece ser catastrófica, as taxas só cresceram nos últimos anos, a estimativa de vítimas são o equivalente à população da Cidade de Campinas-SP – 1,1 milhão de pessoas mortas nos últimos 30 anos, para cada morte que ocorre em decorrência da violência, 40 outras pessoas precisam de tratamento para ferimentos graves.
Porque os indivíduos parecem estar cada vez mais identificando-se com o terror, com a violência?
O Brasil parece viver atualmente em uma espécie de "epidemia da indiferença", uma banalização da violência cotidiana; uma situação que deveria estar sendo tratada como uma calamidade social. A segurança pública, atualmente dispõe de uma crise muito grave que se reflete de diversas maneiras, como exemplo podemos observar os crescentes casos de homicídios cometidos e sofridos por policiais, violência de gênero, feminicídios, etc..

Concordo com esse trecho atribuído a Saramago na internet, que posteriormente vim a descobrir que seria uma colagem de diferentes trechos:
“Essa indiferença em relação ao outro, essa espécie de desprezo do outro, que eu me pergunto se tem algum sentido numa situação ou no quadro de existência de uma espécie que se diz racional. O egoísmo pessoal, o comodismo, a falta de generosidade, as pequenas covardias do cotidiano, tudo isso contribui para esta perniciosa forma de cegueira mental que consiste em estar no mundo e não ver o mundo, ou ver dele só o que, em cada momento, for susceptível de servir os nossos interesses. Temos que acreditar em alguma coisa e, sobretudo, temos de ter um sentimento de responsabilidade coletiva, segundo o qual cada um de nós será responsável por todos os outros."
A violência não pode e não deve ser tratado como algo inevitável, ela não é intrínseca ao ser humano. Não acredito em nenhuma solução fácil que vá cercear a violência, mas creio que deve ser tomada urgentemente medidas que envolvam famílias, indivíduos, a sociedade como um todo. É necessário que o Brasil se aprofunde de maneira mais intensa nos debates sobre essa "guerra urbana".
Quando Saramago diz: “temos de ter um sentimento de responsabilidade coletiva, segundo o qual cada um de nós será responsável por todos os outros.”, entendo que ele esteja dizendo o mesmo que Gandhi: “olho por olho, e o mundo acabará cego.”.
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